segunda-feira, 1 de abril de 2013

Sobre a morte

Quando eu morrer
Algumas fotografias resistirão
Em apagar minha face da Terra
E algumas – talvez inúmeras-
Lembranças persistirão
Em prolongar minhas primaveras
Algumas amizades sinceras
Poderão fazer-me eterna
Apenas por um tempo
Então tudo isso se deixar se há levar
Pelo vento
Que sempre sopra e leva
As fotografias
As lembranças
Os amigos.

Mas eu ainda residirei na Terra
Nas avenidas da saudade
Nos muros brancos e puros
Do cemitério da cidade
Nas orações piedosas
Por toda finada humanidade
E nas páginas de um livro de história
Que narrará a coletividade
Da qual um dia
Eu,em minha simplicidade
Fiz parte.
E há sempre uma parte humana
Que navega no tempo
Debaixo de tempestades
E resiste.
Quando eu morrer
Talvez descubra
Que a morte não existe.
Matrix

Ninguém mais que mudar o mundo
E por mais que eu tente ser otimista quanto a isso
Está difícil
--- Ainda não se encontra ninguém por aí
Com uma vontade súbita no coração
De mudar o mundo.

Ninguém mais quer mudar o mundo
Há algo de errado nisso!
Mas cada vez que tento dizer para o mundo
Que não muda-lo é que não faz sentido
O mundo me presenteia com baldes de água fria
Dizendo que há algo de errado comigo.

Ninguém mais quer mudar o mundo
Não é possível que seja assim!
Alguém pode me escutar?
Por favor,diga que sim!
Se quiser,junte-se a mim!

Onde está você?
Onde está VOCÊ?
Você mesmo!Onde está?
Além de trás da TV
Ocupando o mesmo lugar
Que ocupa o sofá.

Talvez haja algo de muito pequeno
Com a realidade na qual vivemos
Talvez essa realidade seja apenas
Veneno
Dissipando as suas veias
E ao mesmo tempo
Anestesia
Para poupar a dor.

Então,você,me diga
Estamos mesmo anestesiados?
Estamos tão presos ao nosso próprio fardo
A ponto de não perceber
Os muitos algos que estão errados?
--Além dos erros do passado,é claro!
Parece mais fácil(identificar)
Parece mais claro(de apontar)
Quando não tem nada a ver com o seu umbigo.

Você,que quer mudar o mundo ainda
Onde está?Apareça!
O caos está batendo firme
Em nossa porta
Enquanto você se dá ao luxo de não perceber
Que não é apenas o seu mundo
Que importa

E eu,eu só quero mudar o mundo
Mas no fundo
Eu é que devo estar errada mesmo
Afinal,essa poesia nem rima direito.

sexta-feira, 15 de março de 2013

A Subida.

Havia uma subida
Uma montanha íngreme
Uma escalada no gelo
Debaixo de um céu flamejante
Um caminho ao inferno
Sem alívio
Nem por um instante.

Uma subida é uma subida
E havia uma subida
Terrível
Mas naquele dia tornou-se
Incrível
Só porque se decidiu considerar
Que aquela subida não seria uma subida

Havia uma subida
E uma idéia súbita
De enfrentá-la
Havia uma subida
E passos tímidos
A desbravá-la
Havia uma subida
E pernas firmes
A percorrê-la
Havia uma subida
E um corpo
Decidido
A chegar ao topo.

Havia uma subida
Não há mais.
Seja bem vinda,Poesia!
Poesia andou adormecida
A base de remedios mantida
Na uti de minha vida
Esquecida
Quase se foi minha poesia
Quase esqueci de viver.

 Poesia ficou abandonada
Como boneca encaixotada
Em baixo da cama de menina minada
Que se esqueceu dos contos de fadas
E trocou tudo por nada
Poesia,
Quase me esqueci de você

Poesia chorou escondida
Em quarto escuro
Sozinha
Lamentando a humanidade reprimida
Que as vezes caminha
 Enxergando só o que se vê
 Que sempre se definha
Ao não querer entender
A poesia
Que existe por aí.

Poesia abriu seus olhos e disse olá
Para todos os corações palpitantes
Então me dei conta que todo dia
Ela abre seus olhos mutantes
Alguns os enxergam cinza
Escuridão
Outros veem um arco iris
Em formação

E eu,pobre errante
Poeta cheirando a mofo
Numa manha de muito esfoço
Decido mudar um pouco
E respondo - Seja bem vinda, Poesia!

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