terça-feira, 23 de novembro de 2010

Em nome da ordem e do progresso.

Ela está triste na janela
E aurora de cor amarela
Continua com seus tons pastéis
Nas ruas e nos quarteis
Um milhão de coisas se articulam
Os soldados e coroneis
Cochicham,gesticulam
Algo está preparado
Há algo miticulosamente planejado
Para que as ruas fiquem em paz
(E os corações em guerra)
Por trás das janelas
Há invisíveis celas.
E ninguém parece entender
Que o grito mais alto
É a voz que menos se ouve
E o silencio de alma
É a única voz audível
Em tempos de paz
Paz de rua,paz na Terra
Paz só pra quem foi feito pra guerra
Está tudo na mais perfeita paz
Enquanto nossa voz está calada
Não hávera conflito jamais
Se nossas ideias forem barradas.
Sabemos que estamos sendo enganados
Sabemos que não podemos ir embora
Mas as ruas estão todas em paz
Desde que ninguém saia pra fora.

Recém casados

Ninguém venha me falar
Que não soube escolher meu homem
Que estou amando demais
E que amor não mata fome
Ninguém venha me avisar
Que irei me decepcionar
que não deveria deixar o emprego
E que com ele não terei sussego.
Nenhuma pessoa me diga
Que não deveria criar barriga
Que é cedo demais pra criar familia
E que serei má mãe por ser má filha.
Ninguém fale que nossas brigas
Irão arrruinar nossas vidas
Que nosso caso tem data prevista
Pra acabar como as velhas intrigas
Ninguém fale que minha casa
É indigna para morar
Que lá não há conforto
Que lá não será um lar.
E para os que insistirem
Que minha escolha não foi pensada
Eu digo que posso estar errada
Mas é minha vida,meu marido,minha casa!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Serra do Mar

Eu quero viver na Serra do Mar
Na montanha da mata Atlântica
Onde é mais puro o ar
E a vida mais romântica
Eu quero viver lá
Numa casa de madeira
Pouca roupa pra tirar
Banho de caichoeira
Quero meu amor comigo
Na minha rede,no meu colchão
Nenhuma moeda no bolso
Mas um tesouro no coração.
Eu quero morar na Serra do mar
Que me leve até lá a sorte
Que lá é mais fácil amar
Que lá o amor é mais forte.
Eu quero me enfiar na floresta
Pra não sair tão logo não
Melhor uma vida modesta
Que viver sem nenhuma paixão
Mas se a vida me deixar na cidade
Que fique aqui o meu valor
O que eu quero de verdade
É ser feliz com meu amor.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Recado da gaveta.

A dor maior não é perder
E sim descobrir tâo derrepente
Que o amor é terrivelmente bonito
E inevitavelmente finito
A dor mais forte é saber
Que apesar de você
Irei inconcientemente ser feliz
E o amor, aquele que juramos infalível
É apenas uma fase
Das muitas de nossa vida consumível
Apenas uma caixa de cartas amarelas
E um porta retrato banido da estante
O amor acaba no fundo de gavetas
Mas é infinitamente cativante.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Eu sou do Brasil mesmo!

Andam dizendo que nossa gente é menos gente
Por estudar menos e trabalhar mais
Que nossa raça é menos pura
Por ser feita de uma mistura
Que não se separa jamais
Andam dizendo que nossa cultura
É menos culta que as demais
De fato não nos comportamos o tempo todo
Como empresários e banqueiros
Nem temos o gelo no sangue
Como o norte estrangeiro
Nossos olhos se carregam de água
Com mais freqüência que qualquer um
E nosso riso é longo e fixo
E não se cala de jeito nenhum
Brasil,acorde,já é hora
De perceber que nossa história
Não pode ir-se embora
Por imposição internacional
Brasil,esse é nosso berço
A terra do samba de alto astral
Terra do branco e do preto
E de qualquer outro brasileiro
Que bata no peito , respire fundo
E diga: ‘Eu sou do Brasil mesmo!
E não o troco pelo estrangeiro
Nem por nada neste mundo!’

domingo, 26 de setembro de 2010

Você não me quer

A Lua negra me contou que você já não me quer
E que
Enquanto me abraça pensa em outra mulher.
A lua negra daquele céu vazio e sem brilho
Me contou suspirando de cansaço
Que já não suporta meu abraço
Nem quer mais comigo um filho.
A lua
Aquela mesma que tanto me comoveu
Me contou que você suplica a Deus
Pelo fim de nossos dias de amante
Que não há nada adiante
No caminho que me une ao teu.
Você já não me ama
E sei que em tua cama
Já não dorme a minha lembrança
E que em breve me suplicará
Em voz de piedade
Que eu te tire de minha vida
Em nome de nossa amizade.
Talvez viaje para outros mares
Talvez fique mesmo na cidade
Em breve encontrará outra moça
Que te traga mais felicidade
E eu,afoita ensaio as palavras
Com que te direi qualquer coisa
Que não me faça parecer tola.
E não me obrigue a tirar a roupa
Suplicando mais um ultimo instante
A lua negra de seu olhar
Me fez acreditar
Que você já não me quer
E nunca chegou mesmo a me amar.

Utopia de pequena e media burguesia

Muito falamos muito falamos muito falamos
E não nos mexemos
Muito propomos muito propomos muito propomos
E nada fazemos
Muito acusamos muito acusamos muito acusamos
Mas não conhecemos
Muito queremos muito queremos muito queremos
Sem nos comprometermos
Almejamos acabar com a burguesia
Usando como arma a utopia vazia
De quem quer mudar dos rios o curso
Mas sequer acredita no próprio discurso.

Dias de ruina

Ando assim com as pernas bambas vez ou outra
A voz hora nítida hora rouca
Meio seca com as pessoas.
Ando com um sorriso no rosto
Que se constrói em um décimo de minuto
E se desfaz em menos de um segundo
E meus olhos são a morada fixa de duas lágrimas apertadas
Que são contidas por doze quinze avos do dia
Mas às vezes não podem ser evitadas
Escorrem amargas
Em frente do espelho e nas calçadas.
Ando com a cabeça pesada
E com a vida pesada
Apenas deixando – me ser levada
Por qualquer onda para qualquer praia
Ando assim mesmo alucinada
Pois o amor fez-se ruína diante de meus olhos
Mas meus sonhos não encontraram fim
E a finada lembrança de te ter comigo
Ainda vive dentro de mim.

domingo, 13 de junho de 2010

Infância

Pobres crianças desalmadas
Cujos sonhos não conduzem
A nenhuma estrada
Cuja vida segue lenta
Descontínua e cansada.
Pobre infância condenada
Flor da vida que já nasce cansada
Brisa que sopra e é barrada
Grão de semente não fecundada
Árvore mal plantada
fruto que não dará em nada.
Pobres crianças famintas
Que vivem sem provar o alimento
Fome de anos,barrigas vazias
Deixadas ao alento
Fome condenada ao esquecimento
Alimentoda alma isento
Fome que obriga a viver
Sem buscar por suprimentos.
Pobres crianças,de idade pouca
Perderam a vez,a voz e a sopa
Tiraram-lhes a paz e a boca
Arrancaram-lhes a alma e as roupas.
Crianças que morreram na infância
Mas são obrigadas a seguir em frente
Crescer,tornar-se meio gente
Tentar sobreviver
Numa semi vida ausente
Vicer num ninho de serpentes
Num mundo de crianças sem fome
Sem alma,sem dó e sem nome.
Pobres crianças adormecidas
No auge,na aurora da vida
Dormir é a única saída
Lutaré lição esquecida
Num mundo de pessoas frias
Que congelaram a madrugada
E as puseram para dormir
Sem cobertor.

domingo, 6 de junho de 2010

As luzes da noite

Naquela noite de ventos calmos
De braços doces e tempo alvo
O céu que vi nascer claro
Ao teu lado
E depois escurecer tão rápido
Ficou negro,ficou fraco
Cheio de luzes e focos opacos
Estrelas de brilho barato
Espetáculo de quinta categoria
Ah, o céu, inspiração dos amantes
Naquela noite se tornou figurante
Diante
Dos brilhos incontáveis que havia em seu olhar.

domingo, 30 de maio de 2010

Cartas

Hoje chorei ao ler suas cartas
Porque havia me esquecido
Da doçura de suas palavras
Do som delas ao meu ouvido.
Havia me apegado ao fato
De estar tudo acabado
E esquecido o quanto suas palavras
Pareciam ser verdadeiras
Ah, eram minha única certeza.
Então por alguns segundos
Entreguei-me novamente à beleza
De suas promessas de eternidade
E acreditei que pudessem ser verdade
Até que uma lágrima escorreu pela minha face
E provei seu gosto salgado
Que me fez lembrar
Que toda aquela beleza falsa
Foi o motivo de minha falha
Que muitas lágrimas já rolaram
Porque acreditei em sua farsa.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Menino

Procura-se por um menino
Por um menino moreno
De pelos ralos, sorriso ameno
Mundo grande nos olhos pequenos
Procura-se por um menino
De lábios indesenhaveis
De corpo de pássaro que voou
De olhos de brilhos incontáveis
Pretos,tão negros
Que se destacam na escuridão
Olhos de brilho preto
Negro da cor da solidão.
Procura-se pelos lugares da Terra
Por um menino de pele brilhante
Ele parece ser forte, parece ser homem
Mas não é
È apenas um menininho
Um menino sem destino
Sem casa, sem dó, sem caminho
Esteve tentando buscar um rumo
No meio de vários confusos mundos
Está tentando seguir sua vida
Mas é apenas um menino
Que a própria vida roubou o nome
Deixando-o com frio e com fome
Sem dono,sem terra
Levando-o cedinho pra guerra.
Procura-se o brilho triste
Dos olhos com quais eu me envolvi
Talvez nunca mais o veja
Nem sinta seu perfume de criança
Nem seus braços doce-caqui
Nem sua pele fresca de pepino
Talvez não o reconheça
Talvez não seja mais um menino.

Primeira hora do amanhecer

Hoje sonhei com as flores
Do jardim do paraíso
E acordei em seus braços
No colo de seu sorriso
Hoje ao despertar
A primeira coisa que vi no dia
-A única coisa que quis ver na vida-
Foi ter seu olhar a vista.
Hoje o brilho de seu olhar
Iluminou o quarto inteiro
E me fez despertar
E então, por vários segundos,
Esqueci meu nome, minha casa e o mundo,
Pois sabia que seus olhos pretos
Estavam voltados só para mim
Então sorri e chorei ao mesmo tempo
Porque sei que o meu único desejo
Pelo resto de todos meus dias
Que correrão lentos sem você
Será ser iluminada pelo seu olhar
Nas primeiras horas do amanhecer.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Loucura

Não, não sei bem o que sou
Talvez a loucura esteja mais presente em mim
Que a genialidade das palavras
Talvez não haja nem loucura
Nem genialidade, nem nada
Talvez seja mais louca que poeta
Mais confusa que esperta
Mais perdida que certa
Nem a dúvida me resta.
Talvez enquanto me confundo
Nesta procura por algum não vazio existencial
Minha loucura esteja em festa
Feliz por me fazer mal
Tão perto que nem demonstra
Fazer parte de meus ideais
Tão tímida que nem transparece
Que já não articulo idéias normais
Que pareço ser da Lua
Quando estou na Terra
E um ser sem terra
Quando estou na Lua.
Talvez meus ápices de insanidade
Sejam fase de transição
E eu esteja condenada a viver
A viver minha alucinação.
Ou pode ser que não esteja
Em transição alguma
Nunca fui sã.
Nenhum pingo de lucidez.
Anormalidade vã,
Louca,doida de vez.
Louca,louca!
De normalidade pouca
Vista fraca,voz rouca
Razão frágil,pouca roupa
Poucos dentes dentro da boca.
Não sei bem o que sou
Talvez eu seja poeta
Talvez seja poeta por ser doida
Ou louca por ser poeta
Não sei.
Mas se for tudo loucura
Imploro em condição singela
Que a amiga Poesia
Sirva-se completamente dela.

sábado, 22 de maio de 2010

Procura-se

Procura-se desesperadamente por pessoas interessantes
Veja bem, não procuro por meus semelhantes
Talvez seja eu não mais que poetisa entediada
Que não enxerga nas gentes das ruas
O brilho no olhar, a força das palavras
Que anseia por quem possa ensinar
O melhor ângulo para observar o luar.
Procuro ansiosamente por pessoas
Que tenham idéias inspiradoras
Sobre musicas, letras e casas
Que já tenham observado o céu
E sua infinidade de cores
Desde o chumbo pesado sobre as cabeças
Até o cor de rosa dos amores
Ou o laranja – flor das auroras
Procura-se agora
Por gente interessante
Gente inteligente,gente que seja gente
E não corpos sufocados pela rotina.
Ah, é lamentável essa condição
Não é que o brilho dos olhares morreu
Ainda existem os amantes dos luares
Mas diante do desencanto das ruas
Fugem para o conforto de seus lares
Estão lendo, amando, cantando
Quem sabe poetizando
Longe, distante,cada um em seu canto.
Procura-se por gente intensa
Já não sei onde as buscar
Talvez em abrigos subterrâneos
Debaixo das ondas do mar
Vou bater de porta em porta
Anunciando a busca por essa afinidade de alma.
Procura-se por pessoas envolventes
Para partilhar lições de vida
Gente que saivá viver
Seja triste, amante, divertida
Que ouça músicas onde ninguém pode escutar
Gente que seja movida a alma
Teoria da força vital
Gente que seja criação humana criação divina
E não produto do sistema capital.
Anseia-se por pessoas normais
Para dividir a preciosidade individual
Nossos sonhos, nossos ideais
Procura-se pela utopia dos poetas
Para viver no mundo real.

sábado, 15 de maio de 2010

Cartão Postal

Você, que mora aqui ao lado
Casa próxima ao meu quintal
Com quem eu converso pela janela
E cujas palavras estendo em meu varal

Sei que vai embora, sei que está de partida
Para a capital de sua vida
Onde os ventos são melhores
As casas maiores, os quartos emboscadas
E as mulheres convite de entrada

Quando chegar a sua capital
Depois que as promessas ficarem para trás
Ao menos me envie um cartão postal.

Sei que logo vai partir
Partir de mim, sair daqui
Correr, voar, fugir
Para a cidade dos sonhos seus
Os mesmos sonhos que construiu aqui
Ao meu lado, em meu quintal.
Cantando para eu dormir.

Sei que quando for não voltará
Sei que por lá se enterrará
Sei que eu vou ficar
Esperando sua chegada
Chorando de madrugada
Sofrendo, passando mal.
Tentando me reerguer
Esperando seu cartão postal.

Meninas Capital

Veludos, sedas, meias e saias.
Vestidos tecidos em gordas fábricas
Vão vestir os corpos de meninas pálidas
De corpos e cabeças magras.

Pernas e minissaias desfilam
Nas ruas do império central
Cada porta é convite real
Leva um brinde quem levar mais

Não se pode levar algo para casa
Sem deixar algo se si
As cabeças de química enfeitadas
Mal discutem por quanto foram trocadas.

Ah, meninas das vilas capitais,
Quisera eu embrulhá-las
Nas fitas de suas saias
E na parede do império enquadrá-las
Num quadro seriam mais notadas.

As ruas e as gentes.

As ruas longas e ensolaradas
De pedras e gente banhadas
Parecem-me uma tela desenhada
Há anos, há décadas passadas.

O céu , meio azul sem cor
Onde a vida está estampada
A mim parece preso em vidrilhos
Tão distante como ruas ensolaradas

E as pessoas que circulam
Vão, vêm, voltam, chegam e param, vão embora.
São pessoas de faces enroladas
Em faixas de seda gasta.

Ah, esse pressente tão perto de mim,
Parece-me mais próximo ao fim
Distante de mais a meu ver
Perto demais para entender
Confuso de mais para eu viver.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Eco, e-co, e-c-o
Ecologia, ecoturismo
Ecologia, estudo do eco
Eco turismo, passeio pelo eco
Eco, e eu com isso?
Eco ,caminho de duas vias,
Nunca presenciei o caminho da volta
Se meio eco não consiste
Eco não existe
Nada volta de onde veio
As coisas vão e se perdem no tempo
As juras mal saem da boca
E se perdem logo ao vento
Eco, há algo em seu caminho
Estão fazendo barragens para sua passagem
Passagem de volta é mais cara, eco
Eco, volte de bicicleta.
Eco, se não conseguir voltar.
Não saia eco, não saia!

Poesia particular

Quantas vezes fiquei com a palavra presa na garganta
Não pelo medo,mas pela certeza
De que a palavra seria minha sentença de monte
Te amo dentro de mim,e aqui não é silencio.

E quantas vezes não quis desafiar o tempo,
E ultrapassar minha maneira de pensar
Se te amo, se te quero comigo
Não quero,não posso demonstrar

E se poesia é o amimus transcrito
Como poderia os versos meus te mostrar?
Mesmo pensando em você
Minha poesia é particular

E esse meu mundo infinito
Que criei para sustentar minhas teorias de amor por ti
Talvez esteja restrito
Talvez você não possa entrar,e eu sair,
Sem um de nós dois se ferir.

Vinho tinto

Viva o bom vinho!
Que ameniza o amor!
O vinho é mais doce
E têm melhor sabor.

E que estranha semelhança
Vinho tinto é de vermelha cor
Cor de boca,cor de sangue
A mesma cor do criminoso amor.

Mas mil vezes um copo de vinho com queijo
De que o sabor de teu beijo
Mil vezes o bebida dos deuses
Do que a perdição dos homens

Amar é se embriagar para sempre
O vinho tinto cura a dor
Que o vinho seja sempre
O consolo para o amor.

Pois nessa irônica vida
Não podemos desviar da paixão
Ao menos aliviemos o pranto
Com um copo de vinho na mão.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Você

Você foi o único começo que eu quis que não tivesse fim
E o único final que não fez sentido para mim
A única pessoa que passa na rua e me faz sentir
Como em tela descolorada, lembrança colorida, que um dia foi apagada
Você, de meus amores, foi que mais me trouxe dor
E o único que me fez acreditar na palavra amor .
O único amanhecer que me fez sentir saudade da noite
A noite em claro mais bonita
A noite mais longa de minha vida .
Você, o único olhar cor de aurora, o beijo com gosto de amora
O único que me fez sua senhora
Você foi o meu mais intimo segredo,meu maior erro, o que eu mais insisti.
Você foi o meu melhor engano,meu maior plano,o único do que não desisti
Você foi minha única tristeza, a mais frágil fortaleza, a única que não destruí
Você foi minha esperança,a única tentação a qual não resisti
Você foi a lembrança mais viva, a mais cativa, a que não esqueci
Você foi o único que me fez amar
Você foi o único que sempre será.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Se as róseas flores se esvaem
Deixando um vazio na paisagem das praças
E depois voltam no ano seguinte
Só para dar o ar da graça

Não há nada que não seja banalizado pela vida
Não há nada que o tempo não torne vão
A própria vida leva nossas esperanças
Para depois encher de sonhos nossos corações

Não se pode acreditar na prosperidade
Sem se deixar levar pela ilusão
O que é prospero depois se encarrega
De tornar-se decepção

Não, não há nada que seja tão eterno
Quanto a nossa expectativa de que o seja
E a maravilha não está na conquisa
Mas na força com que se almeja

E a vida vai assim nos moldando
Alguns são empurrados,outros esvaecem
Mas no final , não há como negar
Que os sonhos não são tão nobres quanto parecem

segunda-feira, 29 de março de 2010

Poesia

Se queres ler minha poesia
Não a leias com a disciplina literária
Entediante, inútil e inválida
Que insiste em analisar o ianalizável
E criar muros para trancar a alma
Ao criar regras para as palavras

Se queres ler minha produção poética
Peço que não faça dela uma análise cética
Pois não se metrifica o que se cria
A partir da alma da poesia
E não se pode classificar,listar,padronizar
O que nem eu sei significar

Se queres ler minha fantasia
Não penses que existe no plano literário
Pois poesia é filha da alma
E doce fruto do imaginário
Que seca ao ser enquadrado
Ao rigor dos padrões arbitrários.
Ah, não se engane ,caro leitor
Não se deixe enganar pela doutrina da poesia
Assim como os poetas condenadamente
Deixam-se enganar pela vida

Os versos tristes do poeta
Não são frutos do eu lírico
São a própria alma que se aperta
Escapando para o plano escrito

As palavras que ao serem lidas
Trazem dor,tristeza,emoção
São excreções inflamadas
De feridas do coração

Se doem ao serem lidas
Para os sem interesse e afinidade
Ao nascerem, imagine
Quão maior sua intensidade

Ah,não se engane com a desculpa da arte
Pois não existe arte de fingir arte e dor
Tudo o que é escrito é vivido
Sentido e remoído pelo autor

O poeta á aquele que sofre
Às vezes sem motivo pra chorar
Além da tristeza da vida
E da loucura de amar.

O poeta passa pela vida.
Mendigando em estado de coma
Seus versos são seus últimos suspiros
E a desilusão seu único sintoma.


O poeta, caro leigo leitor,
Vive para fugir da vida
E nesta subsistência adquiria
Ele não vive, poetiza.
Não há saída para o amor
Aquele amor dos apaixonados
Que surge como um riacho
De águas claras e limpas
Nas quais todos querem se banhar
Mas depois surgem as ondas
Que no amor vem trazer
O tormento da vida

Não há remédio para o amor
Aquele amor dos desesperados
Que consome campos vastos
Desidrata fontes,seca pastos
Sem fazer nenhum sentido
Sem pudor e sem motivo.

Não há o que justifique o amor
Aquele que destrói a integridade
Que invalida todas as verdades
Em nome de um nada sem valor
Que algum chamam de amor
Mas eu, indignado,
Eu o chamo de diabo
Maligno é o amor
Que nos afoga em feridas
Sufoca as esperanças
Da dignidade nos priva
E desconcerta a vida.

sábado, 6 de março de 2010

Dia de Sol e Chuva

Estou feliz como num estranho dia
Em que pela manhã o sol irradia
E depois chove pela noite adentro
Mas a tarde chove e faz sol ao mesmo tempo.
Não sei se a tristeza é sol ou água que cai do céu
Mas a tristeza me invade de modo cruel
E não consigo distinguir seu papel.
Mas a alegria também me invade o dia inteiro
E o riso também é meu companheiro
Rio por não saber nada ao certo.
Quando o céu está de nuvens coberto,
E as nuvens despencam água no chão
Minha vestes ficam molhadas
Mas seco fica meu coração
E então acaba a trovoada
E um raio de sol traz brilho
Daí choro sorrindo
Porque a luz do sol voltou
Mas o céu ainda não está limpo.
Estou feliz que esteja chovendo
Desde que não chova dentro de mim
Estou feliz por estar triste
Desde que essa tristeza tenha fim.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Depois de você

Depois que você passou por mim
Nunca houve mais ninguém
Nem senti mais nada assim
Que me fizesse pensar além

Depois de gravar o teu olhar
Só enxergo nos outros os olhos
E nenhum deles tem a profundidade
Que havia naquele seu olhar

Depois de sentir seu cheiro
As flores não contêm aroma algum
E a suavidade do cheiro de sua pele
Não encontrei em perfume algum

Depois de receber seu sorriso
Nenhuma palavra que provoque riso
Fez com que eu sentisse a alegria
Que o seu sorriso me trazia

Depois do momento da despedida
Tudo mudou em minha vida
Perdi o sono ,perdi a razão
Mas nada mudou em meu coração.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Eclesiástico 2

Se quereres seguir ao Senhor
Enche - te de retidão
E prepare teu coração
Mantendo-se constante
No dia da provação.
Uma-se a Ele com um laço de união
Que jamais permita separação
Para ver Sua glória no dia final.
Seja paciente no sofrimento e aceite a dor
Pois no sofrimento se fortalece o amor
O ouro é provado no fogo
E seus servos escolhidos na tribulação.

Confie na misericórdia do mestre maior
E temendo a Ele receberá o melhor
Se a Ele se confia receberá
Felicidade que não se acabará.

Os que temem ao Deus de Israel
Á tua palavra se torna fiel
Será protegido e não andará sozinho
Aquele que observa o Teu caminho.
Prepara teu coração, se teme a Deus.
E observa os mandamentos Seus
Se humilhe diante do Deus de Sião
E espera dele a salvação.
Os que amam o Senhor
Coloquem-se em suas mãos
E entregue a ele seu coração
Que sua confiança não seja depositada
Nos indignos de fidelidade
Pois o tamanho de sua misericórdia
É o tamanho de sua grandiosidade.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Pérola

Como as pérolas do mar
Assim são as palavras do Senhor
Se Ele ordena que um grão de areia
Se torne uma pedra de cor branca
O mar inteiro se moverá
Para fazê-la se formar.
E então em algum momento
O grãozinho cairá bem dentro
De uma concha nas azuis profundezas
Para um dia se tornar a delicadeza
Que envolve os vestidos de casamento.
Assim é a Palavra santa do Senhor
Como as pérolas dos anéis de amor
Quanto mais tempo se desenvolverem
No seio do fundo do mar
Mais delicada e bela se tornará.
Suas palavras são profecias
Que tecidas na espera
E envolvidas no ninho do tempo
Tornar-se-ão uma jóia rara
E de inexplicável talento
E quem perseverar na fé
Não deixará de ver acontecer
Não apenas a pérola que se quer ver
Mas o milagre de Seu amor:
O mar inteiro ao seu favor.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Poesia

Você me tira de minha fortaleza
E me faz ficar triste em um segundo
Mas ao menos me inspira nessa tristeza
A fazer versos profundos

Poesia, sua única utilidade.
Ao menos a arte se serve de meu pranto
Cada verso é tirado de uma alma
Que de amor sofre tanto

Você, que me faz tão mal
Ao menos contribui para minha arte
Pois meus versos são a junção
De meu coração quebrado em partes

Talvez seja esse o oficio do amor
Destruir os corações
Para depois descaradamente
Servir de inspiração

E quem disse que o amor
É maior que a poesia
Poemas são mais nobres
E o amor é vã fantasia.

E você, minha inspiração maior.
Destruiu minhas verdades
Talvez por um bem maior
Poesia: sua única utilidade.

Noite

É uma noite linda lá fora
Uma noite para os apaixonados
Mas não consigo sair
De meu peito magoado

Seria uma noite linda
Se você estivesse aqui
Mas ao menos sabe que o quero
Minha vida contigo dividir

Seria uma noite linda
Se eu não sofresse tanto por ti
Mas meu coração congela em pedaços
Ao se esquecer tanto de mim

Talvez a noite fosse a mais linda
Se eu não te amasse tanto
Se eu não bebesse tanto
Pra afogar todo esse pranto

Talvez nunca amanheça
Se você não sair de minha vida
Pois o amor é brasa quente
Que ao relar forma feridas

È,o amor é jogo sem saída
Mas eu não consigo parar de jogar
Se ao menos essa noite fosse minha
Eu poderia tentar respirar

Então que brilhem as estrelas
E se acendam as velas
Para embelezar a noite dos apaixonados
Para iluminar o rosto dela

Que brilhem os astros do céu
Contento-me com minha sina
De amar tanto pelo dia
Para á noite só restar ruína.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Espera

Esperei a semana inteira
Para encontrar seu olhar novamente
Me abandonar em seu colo
E me perder em minha mente
Esperei a vida inteira
Para ter alguém assim
Tão doce,tão frágil
Tão próximo de mim
Quando estou em teu colo
E seus braços me acariciam
Pareço estar envolvida em nuvens
E tudo em volta se cala
Só escuto as batidas calmas
Do coração de nossas almas
E quando me dá a mão
Esqueço o medo de tudo
Me transporto para nosso mundo
De sentimentos tão profundos
Esperei a vida inteira
Por momentos como esses
Mas a semana passou ligeira
E agora sei que não virá
E que nada abrasará
O infinito dessa espera.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Cerejeira

Ah, troncos fortes, que tudo suportam
Fincos na terra,sempre firmes
Galhos secos sem cor definida
Esperam por toda a vida
A chegada das flores chagadas
Que vêm dar cores aos seus galhos
Juntando a pequenez de cada uma
Acabam por colorir a paisagem inteira
Fazendo brotar o amor na cerejeira
Que se esvai como a água correndo pelas mãos
Ah, beleza efêmera e corredeira
Alegria intensa e passageira
Nunca pertencerá a ninguém
Mas cada vez que chega é a primeira
Cada vez que morre é choradeira
E a espera pela volta é sempre a mesma
Tristeza, tristeza
Ah,cerejeira
De galhos fortes
E flores rosas
Mas o fruto é cor de sangue
E o amor é cor de sangue
Pois tudo o que é belo morre
E tudo é belo na cerejeira
Que tanto espera
Suas flores passageiras.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Amor

Quando pela primeira vez
Me senti capaz de amar
Amei uma linda flor
E inventei um modo de chamá-la
Mãe é o nome do meu primeiro amor

Logo já era capaz
De saber muitos nomes
E todos eu amava
Especialmente o de um homem
A quem de pai eu chamava

Quando a vida me ensinou
A voar com minhas próprias asas
E enxergar amor em alguém
Que não morava em minha casa
Descobri que o amor se chama amizade

Então percebi a existência
De um amor sem fronteiras
Amar por motivo nenhum
Amar sem nenhuma barreira
Esse é o amor de Deus

Quando descobri que o amor
Que antes era tão fraterno
Poderia mudar de forma
Querendo ser único e eterno
Descobri um amor sem nome

Me peguei amando pessoas
A quem eu mal conhecia
Não sabia o nome, nem o rosto reconhecia
Mas meu coração sabia
Que este era o amor pela humanidade

Ao amar tanta coisa na vida
Aprendi algo extraordinário
O amor não pode ter sócios
Se não pertencer a um proprietário
Isso se chama amor próprio.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Medos

Tenho medo de você
Medo de que invada minha vida
E me sequestre pra você
Sem deixar nenhuma saída

Tenho medo de que suas palavras
Me iludam de tanta doçura
E eu me tranque dentro delas
E estrague a fechadura

Tenho medo de que seu pulsar
Soe como canção de ninar
E eu não consiga mais dormir
Sem antes o escutar

Tenho medo de que sua respiração
Se torne brisa em minha janela
E eu não consiga acordar
Sem ser surpreendida por ela

Tenho medo de que eu não consiga
Encantar-me por outro olhar
Pois os seus me tiraram de mim
E não pareço saber voltar

Meu maior medo, o mais forte.
É que eu aceite o seu suborno
E sem ti eu não encontre sorte
Que me mostre o retorno.

Seu olhar

Esse seu olhar que fica quieto
Não sei se descansa ou me explora
Só sei que não sei encara-lo
Por tantas demoradas horas

Esse seu olhar, não sei o que quer.
Parece vazio de tão profundo
Parece que me puxa pra si
Me levando pro seu mundo

Seus olhos tão pesados
Que me olham de modo denso
Não sei se vida os trouxe peso
Ou se pesam de sentimento.

Eu admiro seus olhos
Como criança espia pela janela
Você parece soltar palavras
Mas nem presto atenção nelas

Ah, nem te escuto.
Seus olhos têm mais o que falar
Tenho medo de cair dentro deles
E nunca mais poder voltar.

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