domingo, 30 de maio de 2010

Cartas

Hoje chorei ao ler suas cartas
Porque havia me esquecido
Da doçura de suas palavras
Do som delas ao meu ouvido.
Havia me apegado ao fato
De estar tudo acabado
E esquecido o quanto suas palavras
Pareciam ser verdadeiras
Ah, eram minha única certeza.
Então por alguns segundos
Entreguei-me novamente à beleza
De suas promessas de eternidade
E acreditei que pudessem ser verdade
Até que uma lágrima escorreu pela minha face
E provei seu gosto salgado
Que me fez lembrar
Que toda aquela beleza falsa
Foi o motivo de minha falha
Que muitas lágrimas já rolaram
Porque acreditei em sua farsa.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Menino

Procura-se por um menino
Por um menino moreno
De pelos ralos, sorriso ameno
Mundo grande nos olhos pequenos
Procura-se por um menino
De lábios indesenhaveis
De corpo de pássaro que voou
De olhos de brilhos incontáveis
Pretos,tão negros
Que se destacam na escuridão
Olhos de brilho preto
Negro da cor da solidão.
Procura-se pelos lugares da Terra
Por um menino de pele brilhante
Ele parece ser forte, parece ser homem
Mas não é
È apenas um menininho
Um menino sem destino
Sem casa, sem dó, sem caminho
Esteve tentando buscar um rumo
No meio de vários confusos mundos
Está tentando seguir sua vida
Mas é apenas um menino
Que a própria vida roubou o nome
Deixando-o com frio e com fome
Sem dono,sem terra
Levando-o cedinho pra guerra.
Procura-se o brilho triste
Dos olhos com quais eu me envolvi
Talvez nunca mais o veja
Nem sinta seu perfume de criança
Nem seus braços doce-caqui
Nem sua pele fresca de pepino
Talvez não o reconheça
Talvez não seja mais um menino.

Primeira hora do amanhecer

Hoje sonhei com as flores
Do jardim do paraíso
E acordei em seus braços
No colo de seu sorriso
Hoje ao despertar
A primeira coisa que vi no dia
-A única coisa que quis ver na vida-
Foi ter seu olhar a vista.
Hoje o brilho de seu olhar
Iluminou o quarto inteiro
E me fez despertar
E então, por vários segundos,
Esqueci meu nome, minha casa e o mundo,
Pois sabia que seus olhos pretos
Estavam voltados só para mim
Então sorri e chorei ao mesmo tempo
Porque sei que o meu único desejo
Pelo resto de todos meus dias
Que correrão lentos sem você
Será ser iluminada pelo seu olhar
Nas primeiras horas do amanhecer.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Loucura

Não, não sei bem o que sou
Talvez a loucura esteja mais presente em mim
Que a genialidade das palavras
Talvez não haja nem loucura
Nem genialidade, nem nada
Talvez seja mais louca que poeta
Mais confusa que esperta
Mais perdida que certa
Nem a dúvida me resta.
Talvez enquanto me confundo
Nesta procura por algum não vazio existencial
Minha loucura esteja em festa
Feliz por me fazer mal
Tão perto que nem demonstra
Fazer parte de meus ideais
Tão tímida que nem transparece
Que já não articulo idéias normais
Que pareço ser da Lua
Quando estou na Terra
E um ser sem terra
Quando estou na Lua.
Talvez meus ápices de insanidade
Sejam fase de transição
E eu esteja condenada a viver
A viver minha alucinação.
Ou pode ser que não esteja
Em transição alguma
Nunca fui sã.
Nenhum pingo de lucidez.
Anormalidade vã,
Louca,doida de vez.
Louca,louca!
De normalidade pouca
Vista fraca,voz rouca
Razão frágil,pouca roupa
Poucos dentes dentro da boca.
Não sei bem o que sou
Talvez eu seja poeta
Talvez seja poeta por ser doida
Ou louca por ser poeta
Não sei.
Mas se for tudo loucura
Imploro em condição singela
Que a amiga Poesia
Sirva-se completamente dela.

sábado, 22 de maio de 2010

Procura-se

Procura-se desesperadamente por pessoas interessantes
Veja bem, não procuro por meus semelhantes
Talvez seja eu não mais que poetisa entediada
Que não enxerga nas gentes das ruas
O brilho no olhar, a força das palavras
Que anseia por quem possa ensinar
O melhor ângulo para observar o luar.
Procuro ansiosamente por pessoas
Que tenham idéias inspiradoras
Sobre musicas, letras e casas
Que já tenham observado o céu
E sua infinidade de cores
Desde o chumbo pesado sobre as cabeças
Até o cor de rosa dos amores
Ou o laranja – flor das auroras
Procura-se agora
Por gente interessante
Gente inteligente,gente que seja gente
E não corpos sufocados pela rotina.
Ah, é lamentável essa condição
Não é que o brilho dos olhares morreu
Ainda existem os amantes dos luares
Mas diante do desencanto das ruas
Fugem para o conforto de seus lares
Estão lendo, amando, cantando
Quem sabe poetizando
Longe, distante,cada um em seu canto.
Procura-se por gente intensa
Já não sei onde as buscar
Talvez em abrigos subterrâneos
Debaixo das ondas do mar
Vou bater de porta em porta
Anunciando a busca por essa afinidade de alma.
Procura-se por pessoas envolventes
Para partilhar lições de vida
Gente que saivá viver
Seja triste, amante, divertida
Que ouça músicas onde ninguém pode escutar
Gente que seja movida a alma
Teoria da força vital
Gente que seja criação humana criação divina
E não produto do sistema capital.
Anseia-se por pessoas normais
Para dividir a preciosidade individual
Nossos sonhos, nossos ideais
Procura-se pela utopia dos poetas
Para viver no mundo real.

sábado, 15 de maio de 2010

Cartão Postal

Você, que mora aqui ao lado
Casa próxima ao meu quintal
Com quem eu converso pela janela
E cujas palavras estendo em meu varal

Sei que vai embora, sei que está de partida
Para a capital de sua vida
Onde os ventos são melhores
As casas maiores, os quartos emboscadas
E as mulheres convite de entrada

Quando chegar a sua capital
Depois que as promessas ficarem para trás
Ao menos me envie um cartão postal.

Sei que logo vai partir
Partir de mim, sair daqui
Correr, voar, fugir
Para a cidade dos sonhos seus
Os mesmos sonhos que construiu aqui
Ao meu lado, em meu quintal.
Cantando para eu dormir.

Sei que quando for não voltará
Sei que por lá se enterrará
Sei que eu vou ficar
Esperando sua chegada
Chorando de madrugada
Sofrendo, passando mal.
Tentando me reerguer
Esperando seu cartão postal.

Meninas Capital

Veludos, sedas, meias e saias.
Vestidos tecidos em gordas fábricas
Vão vestir os corpos de meninas pálidas
De corpos e cabeças magras.

Pernas e minissaias desfilam
Nas ruas do império central
Cada porta é convite real
Leva um brinde quem levar mais

Não se pode levar algo para casa
Sem deixar algo se si
As cabeças de química enfeitadas
Mal discutem por quanto foram trocadas.

Ah, meninas das vilas capitais,
Quisera eu embrulhá-las
Nas fitas de suas saias
E na parede do império enquadrá-las
Num quadro seriam mais notadas.

As ruas e as gentes.

As ruas longas e ensolaradas
De pedras e gente banhadas
Parecem-me uma tela desenhada
Há anos, há décadas passadas.

O céu , meio azul sem cor
Onde a vida está estampada
A mim parece preso em vidrilhos
Tão distante como ruas ensolaradas

E as pessoas que circulam
Vão, vêm, voltam, chegam e param, vão embora.
São pessoas de faces enroladas
Em faixas de seda gasta.

Ah, esse pressente tão perto de mim,
Parece-me mais próximo ao fim
Distante de mais a meu ver
Perto demais para entender
Confuso de mais para eu viver.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Eco, e-co, e-c-o
Ecologia, ecoturismo
Ecologia, estudo do eco
Eco turismo, passeio pelo eco
Eco, e eu com isso?
Eco ,caminho de duas vias,
Nunca presenciei o caminho da volta
Se meio eco não consiste
Eco não existe
Nada volta de onde veio
As coisas vão e se perdem no tempo
As juras mal saem da boca
E se perdem logo ao vento
Eco, há algo em seu caminho
Estão fazendo barragens para sua passagem
Passagem de volta é mais cara, eco
Eco, volte de bicicleta.
Eco, se não conseguir voltar.
Não saia eco, não saia!

Poesia particular

Quantas vezes fiquei com a palavra presa na garganta
Não pelo medo,mas pela certeza
De que a palavra seria minha sentença de monte
Te amo dentro de mim,e aqui não é silencio.

E quantas vezes não quis desafiar o tempo,
E ultrapassar minha maneira de pensar
Se te amo, se te quero comigo
Não quero,não posso demonstrar

E se poesia é o amimus transcrito
Como poderia os versos meus te mostrar?
Mesmo pensando em você
Minha poesia é particular

E esse meu mundo infinito
Que criei para sustentar minhas teorias de amor por ti
Talvez esteja restrito
Talvez você não possa entrar,e eu sair,
Sem um de nós dois se ferir.

Vinho tinto

Viva o bom vinho!
Que ameniza o amor!
O vinho é mais doce
E têm melhor sabor.

E que estranha semelhança
Vinho tinto é de vermelha cor
Cor de boca,cor de sangue
A mesma cor do criminoso amor.

Mas mil vezes um copo de vinho com queijo
De que o sabor de teu beijo
Mil vezes o bebida dos deuses
Do que a perdição dos homens

Amar é se embriagar para sempre
O vinho tinto cura a dor
Que o vinho seja sempre
O consolo para o amor.

Pois nessa irônica vida
Não podemos desviar da paixão
Ao menos aliviemos o pranto
Com um copo de vinho na mão.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Você

Você foi o único começo que eu quis que não tivesse fim
E o único final que não fez sentido para mim
A única pessoa que passa na rua e me faz sentir
Como em tela descolorada, lembrança colorida, que um dia foi apagada
Você, de meus amores, foi que mais me trouxe dor
E o único que me fez acreditar na palavra amor .
O único amanhecer que me fez sentir saudade da noite
A noite em claro mais bonita
A noite mais longa de minha vida .
Você, o único olhar cor de aurora, o beijo com gosto de amora
O único que me fez sua senhora
Você foi o meu mais intimo segredo,meu maior erro, o que eu mais insisti.
Você foi o meu melhor engano,meu maior plano,o único do que não desisti
Você foi minha única tristeza, a mais frágil fortaleza, a única que não destruí
Você foi minha esperança,a única tentação a qual não resisti
Você foi a lembrança mais viva, a mais cativa, a que não esqueci
Você foi o único que me fez amar
Você foi o único que sempre será.

Seguidores