domingo, 17 de janeiro de 2010

Cerejeira

Ah, troncos fortes, que tudo suportam
Fincos na terra,sempre firmes
Galhos secos sem cor definida
Esperam por toda a vida
A chegada das flores chagadas
Que vêm dar cores aos seus galhos
Juntando a pequenez de cada uma
Acabam por colorir a paisagem inteira
Fazendo brotar o amor na cerejeira
Que se esvai como a água correndo pelas mãos
Ah, beleza efêmera e corredeira
Alegria intensa e passageira
Nunca pertencerá a ninguém
Mas cada vez que chega é a primeira
Cada vez que morre é choradeira
E a espera pela volta é sempre a mesma
Tristeza, tristeza
Ah,cerejeira
De galhos fortes
E flores rosas
Mas o fruto é cor de sangue
E o amor é cor de sangue
Pois tudo o que é belo morre
E tudo é belo na cerejeira
Que tanto espera
Suas flores passageiras.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Amor

Quando pela primeira vez
Me senti capaz de amar
Amei uma linda flor
E inventei um modo de chamá-la
Mãe é o nome do meu primeiro amor

Logo já era capaz
De saber muitos nomes
E todos eu amava
Especialmente o de um homem
A quem de pai eu chamava

Quando a vida me ensinou
A voar com minhas próprias asas
E enxergar amor em alguém
Que não morava em minha casa
Descobri que o amor se chama amizade

Então percebi a existência
De um amor sem fronteiras
Amar por motivo nenhum
Amar sem nenhuma barreira
Esse é o amor de Deus

Quando descobri que o amor
Que antes era tão fraterno
Poderia mudar de forma
Querendo ser único e eterno
Descobri um amor sem nome

Me peguei amando pessoas
A quem eu mal conhecia
Não sabia o nome, nem o rosto reconhecia
Mas meu coração sabia
Que este era o amor pela humanidade

Ao amar tanta coisa na vida
Aprendi algo extraordinário
O amor não pode ter sócios
Se não pertencer a um proprietário
Isso se chama amor próprio.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Medos

Tenho medo de você
Medo de que invada minha vida
E me sequestre pra você
Sem deixar nenhuma saída

Tenho medo de que suas palavras
Me iludam de tanta doçura
E eu me tranque dentro delas
E estrague a fechadura

Tenho medo de que seu pulsar
Soe como canção de ninar
E eu não consiga mais dormir
Sem antes o escutar

Tenho medo de que sua respiração
Se torne brisa em minha janela
E eu não consiga acordar
Sem ser surpreendida por ela

Tenho medo de que eu não consiga
Encantar-me por outro olhar
Pois os seus me tiraram de mim
E não pareço saber voltar

Meu maior medo, o mais forte.
É que eu aceite o seu suborno
E sem ti eu não encontre sorte
Que me mostre o retorno.

Seu olhar

Esse seu olhar que fica quieto
Não sei se descansa ou me explora
Só sei que não sei encara-lo
Por tantas demoradas horas

Esse seu olhar, não sei o que quer.
Parece vazio de tão profundo
Parece que me puxa pra si
Me levando pro seu mundo

Seus olhos tão pesados
Que me olham de modo denso
Não sei se vida os trouxe peso
Ou se pesam de sentimento.

Eu admiro seus olhos
Como criança espia pela janela
Você parece soltar palavras
Mas nem presto atenção nelas

Ah, nem te escuto.
Seus olhos têm mais o que falar
Tenho medo de cair dentro deles
E nunca mais poder voltar.

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