Eu só quero manter um coração limpo, e quem sabe um sorriso no rosto, porque enquanto há lágrimas nos olhos, não dá pra estender a mão.
Eu só quero um coração puro, porque dessa vida a gente não leva nada não. É só o brilho no olhar, e o coração, quando houver.
E sozinho ninguém anda, tem que ter um amigo, um mestre, um deus,um orixá, porque a vida prega peças na gente, é fácil se perder quando escurece, e sem a prece, quem vai te guiar nessa imensidão?
Viver é assim mesmo: tem que doer alguma coisa, tem que cair umas lágrimas, se não está vivendo errado, ou nem está vivendo não.
Porque quem vive de verdade ama, um pouquinho tem que amar, se não não é viver, se não, é só passar.
E quem ama sofre um pouco, um pouco tem que sofrer, se não é só gostar.
Então eu só quero um coração bom, pra poder estender a mão, e quando for eu quem cair, fazer minha oração, deixar a lágrima escorrer, levantar a cabeça e sair do chão.
E no fim levar comigo, quem sabe um amigo, quem sabe um sorriso no rosto, quem sabe um brilho no olhar...
domingo, 5 de janeiro de 2020
terça-feira, 29 de janeiro de 2019
Outono
Ah, sempre haverá o tempo
De se revirar por dentro
As certezas caem como folhas secas no outono
Pouco a pouco
Tornam se frágeis os cordões antes envolventes
Que prendiam às folhas ,os frutos e as sementes
As folhas são tapetes de velhos pensamentos
As certezas são tijolos ocos de areia fina
Quanto mais as temos mais de torna fatal
Render se à força do esvaziamento
E ver que não era de cimento
O edifício das ideias que temos
Ah, o tempo
Sempre trará o momento
De recolher se na solidão de uma paisagem crua
Como um ipê de galhos secos
Se desfaz de seus talentos
Para permitir que as flores
Encontrem novos caminhos para surgir.
Aquele que se entulha em pilares de ferro
Jamais provará o sabor desmoronamento
Descontruir todas certezas
Eis a fatal tarefa do tempo
De se revirar por dentro
As certezas caem como folhas secas no outono
Pouco a pouco
Tornam se frágeis os cordões antes envolventes
Que prendiam às folhas ,os frutos e as sementes
As folhas são tapetes de velhos pensamentos
As certezas são tijolos ocos de areia fina
Quanto mais as temos mais de torna fatal
Render se à força do esvaziamento
E ver que não era de cimento
O edifício das ideias que temos
Ah, o tempo
Sempre trará o momento
De recolher se na solidão de uma paisagem crua
Como um ipê de galhos secos
Se desfaz de seus talentos
Para permitir que as flores
Encontrem novos caminhos para surgir.
Aquele que se entulha em pilares de ferro
Jamais provará o sabor desmoronamento
Descontruir todas certezas
Eis a fatal tarefa do tempo
segunda-feira, 14 de janeiro de 2019
O louco
Entregue ao caminho
Lança se na estrada
Não olha pra trás
Há algo a buscar
Precisa saber, precisa encontrar
O preço a se pagar
Não há de importar
Entregue ao destino
Nada do que sabe lhe servirá
Precisa entender, precisa buscar
Há algo que o chama
Não sabe como chegar
Mas está
Entregue ao caminho
Quem o vê passar
Logo pensa que é um louco
Mas decerto louco não é
A loucura traz consigo muitas certezas
E de certezas sabe pouco
Só sabe que está
Entregue ao caminho
sábado, 12 de janeiro de 2019
O eremita
O meu caminho é solitário
Caminho sob pedras com os pés descalços
Alguns tropeços, alguns percalços
Não me impedem de continuar a jornada
O meu destino é solidário
Estou eu ao meu lado
Eu mesma me estendo as mãos
Para continuar na estrada
O meu ímpeto é íntimo demais
Os passos deixam o passado pra trás
Abro atalhos, corto laços
Refaço as tramas que não servem mais
Os meus olhos miram o infinito
Noite de céu estrelado
Espelhos quebrados,
Pés descalços
Sigo só
Se o caminho é trilhado em noite escura
Ao menos as estrelas brilham no céu
Onde finda a estrada não sei
Mas o que há de vir será só meu.
Para ser minha
Caia por terra
Desfaça as tramas
Os pilares se quebrem
As estruturas se fidem
Faça-me ruína
Eu quero estar nua
Caia por terra
Queime os livros
Que o vento leve
O que foi destruído
Faça-me cinzas
Eu quero estar crua
Caia por terra
Lava me inteira
Na fonte, na biqueira
Na água de cachoeira
Faça me limpa
Eu quero estar nua
sábado, 28 de julho de 2018
Aos terráqueos
Debaixo do asfalto
Do peixe das ruas
De baixo das tuas
Há terra nua
Debaixo da terra
Há microseres que ali habitam
A terra contém tudo para a vida nascer
Debaixo do asfalto podem nascer sementes
Assim como nascem bebês de seus ventres
E as sementes podem crescer
Fincar na Terra, virar primaveras
Florir as calçadas
Ser abrigo da passarada
Alimento para os animais
Mas está tudo debaixo dessa massa pesada
E vocês costumam usá-la na cara
Escondendo a Primavera de seus corações
Vocês costumam jogar pixe na vida
Esperando alguma férias de verão
Caros terráqueos
Há vida na Terra
Nos vimos aqui do alto
Mas está toda encoberta
De baixo do asfalto.
sexta-feira, 27 de julho de 2018
Não me fale o nome dele
Não me fale o nome dele
Que o que ele me fez não se faz
Deu me de beber em tua taça
E afastou se, deixou me pra traz
Não me fale o nome dele
Dói demais
Saber que hora eu era dele
E hoje não sou mais
Deus, a sua ausência me dói mais que mil facadas
De nobres punhais
Deus,sinto me desolada
Ao adentrar tuas catedrais
E ver que estão presentes apenas
Belos vitrais
Mas tua presença, não mais
Não hei de buscar te mais
Tenho um pouco de amor próprio
Não irei mais te chamar pelo nome
Sabes onde moro
Busca me se lhe apraz
E não me fale o nome Dele
Dói demais
Não me fale mais
Manifesta se em mim o deserto da vida
Fala me sobre segredos e solidão
Como foi tua infância?
Lembranças poucas trago eu
Pois muitas entreguei ao nunca mais
De Deus eu não falo mais
Com ele, às vezes
Se perguntarem, sou ateu
Qualquer coisa me finjo de sonsa
Mas de Deus eu não falo mais
Me conte alguma coisa que viveu
Algum amor, alguma decepção
Não é o que tem a ver com a vida?
Trabalho, amor, decepção
Gira em torno disso
Ás vezes vemos sorrisos
Sim, alegria existe
Mas não sei onde reside
Se souber, me conte
Mas de Deus não me fale mais
quinta-feira, 10 de maio de 2018
O que é a vida
A vida é um sonho
De um sonho
de um sonho
de um sonho
de um sonho
de um sonho
de um sonho
Dentro da mente de deuses
De deuses
De deuses
De deuses
De deuses
De deuses
De deuses
Gerado no ventre de deusas
De deusas
De deusas
De deusas
De deusas
De deusas
De deusas
Os ultimos deles somos nós
Somos nós
Somos nós
Somos nós
Somos nós
Somos nós
Somos nós
Porém nunca estamos sós
Nunca estamos sós
Nunca estamos sós
Nunca estamos sós
Nunca estamos sós
Nunca estamos sós
Nunca estamos sós
O último sonho é agora
É agora
É agora
É agora
É agora
É agora
É agora
Desperta que chegou a hora
Chegou a hora
Chegou a hora
Chegou a hora
Chegou a hora
Chegou a hora
Chegou a hora
De saber que somos todos
Vida
Sonho
Deuses
Deusas
Somos nós
Não estamos sós
Agora
Chegou a hora
Desperta
Somos todos
Um
quinta-feira, 26 de abril de 2018
Lembrança da infância
https://m.youtube.com/watch?v=suj-2sbSFKs
Eu era criança, uma jovem menina
Eu era criança, uma jovem menina
E a mãe divina
Me ensinava brincar com tintas
O céu eu colori com o azul
Veja o verdes das matas
E as cores das flores
Que fiz só pra você, minha filha
Eu era menina
E a mãe divina
Era minha familia
Eu era um bebê aprendendo a ver o mundo
Minha doce mãe colhia frutos
Da árvore da vida pra eu comer
Me abençoava a fronte
Filha , não importa onde
Haverás de vencer
Eu era bebê
E minha mãezinha
Era tudo o que eu tinha
Eu nada era em seu ventre sagrado
A deusa mãe entoava cantos
Liras e mantras encantados
Eu nada sabia estava apenas
Dentro, a frente ao seu lado
Eu nada era
E em seu colo uterino
Eu era ela
E então passou se eras
E então me separei dela
Não sei onde estive, andei perdida
Não sei o nome de minha mãe
Não sei o valor de minha vida
Apenas ouço as canções
E sinto o vento me acariciar
Vejo o céu, vejo a arte
Lembranças doces por toda parte
Lembro de algo que não posso ver
E sinto seus braços a me envolver
É ela dizendo
Harevás de vencer
domingo, 22 de abril de 2018
Ao fim da vida
Ao fim da vida espero apenas
Ter escrito muitos poemas
Ter dado muito alimento
Para alminhas pequenas
Ter ouvido muitas palavras
Mas não mais do que canções
Ter falado bastante
Não mais no entanto
Do que entoado cantos
Espero ter visto dramas
No teatro apenas
Espero ter amado bastante
O suficiente para ter mudado o mundo
Nem que seja por um breve segundo
Espero ter aprendido a sambar
Assim como aprendi a sorrir
Espero que de tanto ver as estrelas no céu
Meus olhos se tornem duas delas
E iluminem o caminho de quem estiver na frente
Espero que de tanto amar
Perceba que estamos aqui só pra observar
A boiada passar
Mas que seja de camarote.
O medo
O medo é um devaneio
Uma ilusão, um esquecimento
Um lapso no tempo
Tire o tempo do medo
Verás um grande segredo
Não há medo se não há tempo
Fique atento
Veja
Seu medo é uma gota de água
Que cai da biqueira
Você tenta usar ela pra matar sua sede
Você tenta usar ela pra matar sua sede
Olhe pra frente e veja
Oceanos e cachoeiras
Há uma vida inteira
Arco iris e estrelas
Esperando para serem contemplados
Deixe seu medo de lado
Vai nadar no riacho
Tem muita vida fora dele,
Acho.
Deixe seu medo de lado
Vai nadar no riacho
Tem muita vida fora dele,
Acho.
Olhares no céu
Sou seguida por olhares doces
Há poder e mistério nesses olhares
Se revelam para mim inesperadamente
Revelam que estão sempre a minha frente
Quando estou consciente, lá vem
Doces olhares exalando
Poder, mistério e doçura
Se apresentam a minha altura
Olho para os olhos que me observam
Desse mundo eles não são
Mas é neste mundo mesmo
Que se apresentam para mim
Olhares amigos, quando os vejo
Sei que existe o infinito.
O que temer?
Eu sou uma menina sim
Sou uma jovem poetisa, de alma antiga,
De aparência jovem
De sorriso de criança.
Por que não me entregar pra dança?
Por que não me entregar pro samba?
O que temer?
Eu sou a guardiã de um anjo na terra
Deus me confiou sua criação
Deusa mãe me deu o poder de gerar
Meu coração é um ninho de amor
Para um anjo repousar
Em meu entorno a espada de Miguel
Afasta e corta o mal
O que temer ?
Se por enquanto só posso dar
Amor, afeto e oração
É porque só isso basta
Para sua criação
Os bens, as coisas, a prataria
Podem esperar um pouco pra chegar
Porque cuidar é amar
Amar não é cercar
Amor é entregar
E meu anjo está
Entregue ao melhor cuidador
Aquele que nos vê
Aquele que nos criou
O que temer?
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