Ah, sempre haverá o tempo
De se revirar por dentro
As certezas caem como folhas secas no outono
Pouco a pouco
Tornam se frágeis os cordões antes envolventes
Que prendiam às folhas ,os frutos e as sementes
As folhas são tapetes de velhos pensamentos
As certezas são tijolos ocos de areia fina
Quanto mais as temos mais de torna fatal
Render se à força do esvaziamento
E ver que não era de cimento
O edifício das ideias que temos
Ah, o tempo
Sempre trará o momento
De recolher se na solidão de uma paisagem crua
Como um ipê de galhos secos
Se desfaz de seus talentos
Para permitir que as flores
Encontrem novos caminhos para surgir.
Aquele que se entulha em pilares de ferro
Jamais provará o sabor desmoronamento
Descontruir todas certezas
Eis a fatal tarefa do tempo
terça-feira, 29 de janeiro de 2019
segunda-feira, 14 de janeiro de 2019
O louco
Entregue ao caminho
Lança se na estrada
Não olha pra trás
Há algo a buscar
Precisa saber, precisa encontrar
O preço a se pagar
Não há de importar
Entregue ao destino
Nada do que sabe lhe servirá
Precisa entender, precisa buscar
Há algo que o chama
Não sabe como chegar
Mas está
Entregue ao caminho
Quem o vê passar
Logo pensa que é um louco
Mas decerto louco não é
A loucura traz consigo muitas certezas
E de certezas sabe pouco
Só sabe que está
Entregue ao caminho
sábado, 12 de janeiro de 2019
O eremita
O meu caminho é solitário
Caminho sob pedras com os pés descalços
Alguns tropeços, alguns percalços
Não me impedem de continuar a jornada
O meu destino é solidário
Estou eu ao meu lado
Eu mesma me estendo as mãos
Para continuar na estrada
O meu ímpeto é íntimo demais
Os passos deixam o passado pra trás
Abro atalhos, corto laços
Refaço as tramas que não servem mais
Os meus olhos miram o infinito
Noite de céu estrelado
Espelhos quebrados,
Pés descalços
Sigo só
Se o caminho é trilhado em noite escura
Ao menos as estrelas brilham no céu
Onde finda a estrada não sei
Mas o que há de vir será só meu.
Para ser minha
Caia por terra
Desfaça as tramas
Os pilares se quebrem
As estruturas se fidem
Faça-me ruína
Eu quero estar nua
Caia por terra
Queime os livros
Que o vento leve
O que foi destruído
Faça-me cinzas
Eu quero estar crua
Caia por terra
Lava me inteira
Na fonte, na biqueira
Na água de cachoeira
Faça me limpa
Eu quero estar nua
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